Quando a Metaplanet revelou seu roteiro definitivo para deter 210.000 bitcoins, e a BitMine realizou uma única transação de US$ 201 milhões para aumentar sua posição em Ethereum, a lógica central da alocação de ativos cripto por empresas listadas globalmente ficou clara ontem: evoluindo de compras exploratórias iniciais para uma estratégia de “tesouraria estruturada” com metas claras, múltiplos ativos e uma visão de longo prazo.
1. Bitcoin: do “hold” ao longo-prazismo de nível reserva nacional
A Metaplanet (TSE: 3350) divulgou uma meta estratégica de longo prazo que abalou o mercado:
· Meta final: planeja deter 210.000 BTC até o final de 2027. Se alcançada, essa posição superará as reservas da maioria dos países e se aproximará da gigante do setor, MicroStrategy
· Significado estratégico: não é apenas um objetivo numérico, mas uma declaração pública de posicionar o bitcoin como “ativo central de reserva”, levando o modelo DAT (Tesouraria de Ativos Digitais) ao extremo, oferecendo às empresas uma solução definitiva contra a desvalorização das moedas fiduciárias
Participação contínua de instituições de pequeno e médio porte:
· Bitcoin Treasury Capital (TSXV: BTCT): levantou cerca de US$ 783.000 através da emissão de ações preferenciais Classe A, especificamente para comprar bitcoin. Isso demonstra que mesmo empresas listadas de menor porte continuam executando estratégias de tesouraria BTC de forma consistente por meio de financiamentos de ações e outros canais regulados (anúncio de financiamento)
2. Ethereum: a corrida de escala das empresas listadas com tesouraria cripto
A enorme aquisição da BitMine (NYSE: BMNR) definiu um novo padrão:
· Comprou mais 67.886 ETH, com valor de transação de cerca de US$ 201 milhões
· Este aumento soma-se à já divulgada posição bilionária em ETH, visando reforçar continuamente sua posição e barreira de escala como “empresa listada com tesouraria em Ethereum”
· O núcleo da estratégia é controlar grandes quantidades de ETH, participar do staking e capturar tanto a valorização do ativo quanto os rendimentos da rede
3. Diversificação de ativos: tokens de plataforma entram no radar de reservas estratégicas
A decisão do conselho da China Real Estate Investment Holding Limited (HKEX: 00736) marca uma nova tendência:
· O conselho aprovou um plano de alocação de ativos, pretendendo usar recursos próprios para comprar e deter BNB e outros ativos digitais adequados no mercado aberto
· Definiu claramente os ativos adquiridos como “ativos de reserva estratégica” da empresa. Esta é a primeira vez que uma empresa listada mainstream em Hong Kong inclui explicitamente tokens de plataforma como BNB em sua reserva estratégica, rompendo o padrão anterior restrito a BTC/ETH
· Essa medida representa uma postura mais aberta e pragmática das empresas tradicionais em relação aos ativos cripto, valorizando sua utilidade ecológica e potencial de valorização
4. Insights de tendência: os três pilares da era da alocação estruturada
Os acontecimentos de ontem delinearam juntos a característica “estruturada” das tesourarias cripto institucionais:
1. Metas de longo prazo: como a meta de 210.000 BTC da Metaplanet, a alocação deixou de ser oportunista e passou a ser parte do planejamento estratégico de longo prazo da empresa.
2. Diferenciação dos papéis dos ativos: BTC como “núcleo de reserva de valor”, ETH como “ativo gerador de rendimento e ecológico”, BNB e outros como “ativos de utilidade estratégica”, desempenhando diferentes papéis na tesouraria.
3. Ciclo de financiamento e alocação: as empresas utilizam habilmente financiamento por ações (como a Bitcoin Treasury Capital) ou recursos próprios, formando um ciclo sustentável de “financiamento-alocação” que permite o crescimento contínuo da tesouraria.
Relatórios do setor indicam que mais de 70% das empresas listadas que já alocaram ativos cripto estão desenvolvendo ou já possuem diretrizes claras de “alocação de tesouraria multiativos”.
Do ambicioso plano da Metaplanet de 210.000 bitcoins, à compra de US$ 200 milhões em Ethereum pela BitMine em um único dia, até a inclusão do BNB na estratégia da China Real Estate Investment, a narrativa cripto das empresas listadas evoluiu completamente. Não se trata mais de decidir se deve comprar, mas de como construir uma tesouraria de ativos digitais estruturada, com metas claras, diversificação de ativos e capaz de atravessar ciclos. Os ativos cripto estão deixando de ser apenas uma opção de portfólio para se tornar a pedra angular da estrutura de capital das empresas.




