O presidente dos Estados Unidos, Trump, traçou uma linha vermelha nas redes sociais: Qualquer pessoa que não concorde com a ideia de cortar as taxas de juros quando a economia estiver indo bem, nunca será presidente do Federal Reserve.
O confronto entre a Casa Branca e o Federal Reserve foi novamente intensificado devido à pressão direta de Trump. No dia 10 de dezembro, horário local, o Federal Reserve anunciou a redução da meta da taxa dos fundos federais em 25 pontos-base, para o intervalo de 3,5%-3,75%. Esta foi a terceira redução consecutiva de juros no ano, totalizando uma queda de 75 pontos-base.
No dia seguinte, dados divulgados pelo Departamento de Comércio dos EUA mostraram que o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA cresceu 4,3% em termos anualizados no terceiro trimestre deste ano.
Diante do crescimento econômico acima do esperado e da continuidade dos cortes de juros, Trump criticou nas redes sociais: “No passado, quando havia boas notícias, o mercado subia. Agora, quando há boas notícias, o mercado cai, porque todos acham que as taxas de juros serão imediatamente aumentadas para lidar com a ‘potencial’ inflação.”
1. Nova rodada de pressão
Desde o retorno de Trump à Casa Branca, o conflito entre ele e o Federal Reserve praticamente nunca cessou. Recentemente, essa disputa tornou-se ainda mais específica e aguda devido a uma notícia e a um dado econômico.
● Em 23 de dezembro, os dados preliminares divulgados pelo Departamento de Comércio dos EUA mostraram que o PIB dos EUA cresceu 4,3% em termos anualizados no terceiro trimestre deste ano. Esse número superou as expectativas da maioria dos economistas, mostrando que a economia dos EUA ainda mantém forte impulso de crescimento.
● No dia seguinte à divulgação dos dados de crescimento econômico, Trump voltou a pressionar o Federal Reserve nas redes sociais. Ele espera que o Federal Reserve “reduza as taxas de juros quando o mercado estiver indo bem, em vez de destruir o mercado sem motivo”, e afirmou claramente: “Qualquer pessoa que não concorde comigo nunca será presidente do Federal Reserve!”
● Esta não é a primeira vez que Trump pressiona publicamente o Federal Reserve. Ele já criticou várias vezes o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, chamando-o de “péssimo” e ameaçando repetidamente demiti-lo. Trump acredita que Powell está cortando as taxas de juros devagar demais, o que não está de acordo com sua política de estimular o crescimento econômico por meio de juros baixos.
2. Níveis de pressão
A pressão de Trump sobre o Federal Reserve não é um impulso momentâneo, mas sim uma escalada gradual, formando um sistema completo de pressão política.
● A forma mais pública e direta é a pressão da opinião pública. Trump critica constantemente a política de juros do Federal Reserve por meio das redes sociais e declarações públicas. Ele afirmou várias vezes que, mesmo sem cortes de juros, os EUA vão bem, mas que, com cortes, o país irá ainda melhor.
● Um nível mais profundo é a estruturação de pessoal. Trump já declarou várias vezes que pretende romper com a tendência recente do mercado e está ansioso para nomear um presidente comprometido em reduzir o custo dos empréstimos. Segundo o Financial Times, Trump já reduziu a lista de candidatos a três ou quatro pessoas, incluindo o ex-diretor do Federal Reserve Kevin Warsh, o secretário do Tesouro Scott Besant, o diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca Kevin Hassett e o diretor do Federal Reserve Christopher Waller.
● O passo mais radical é o desafio legal. Segundo o The New York Times, Trump chegou a redigir uma carta de demissão para o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Embora Trump tenha negado posteriormente, essa ação foi vista como o desafio mais direto à independência do Federal Reserve por parte de um presidente dos EUA na história.
3. Divergências políticas
O confronto entre a Casa Branca e o Federal Reserve provocou reações polarizadas no cenário político dos EUA, refletindo diretamente as profundas contradições dentro do sistema de governança econômica do país.
● Dentro do Partido Republicano, parlamentares responsáveis por assuntos financeiros e orçamentários demonstram clara cautela. O membro do Comitê Bancário, Thom Tillis, afirmou: “Acabar com a independência do Federal Reserve seria um grande erro”, e alertou que, se o presidente realmente fosse destituído, o Senado “responderia rapidamente”.
● Por outro lado, os democratas geralmente consideram essa ação prejudicial ao mecanismo de governança econômica dos EUA e à credibilidade internacional, sendo um sinal perigoso de “intervenção política nas finanças”. Vários senadores democratas afirmaram claramente que a atitude de Trump enfraqueceu a independência do Federal Reserve.
● Wall Street e o setor financeiro expressaram preocupação generalizada. Analistas de várias instituições financeiras acreditam que essa ação levará à volatilidade do mercado e pode causar preocupações dos investidores em relação ao dólar e ao crédito dos títulos do Tesouro dos EUA.
4. Dilema econômico
O dilema de decisão enfrentado atualmente pelo Federal Reserve decorre da coexistência de estagnação e inflação na economia dos EUA.
● O contraste entre forte crescimento e inflação persistente. O PIB dos EUA cresceu 4,3% no terceiro trimestre, mas a pressão inflacionária não diminuiu. O índice PCE, preferido pelo Federal Reserve, subiu 2,8% em setembro em relação ao ano anterior, um pouco abaixo do esperado, mas ainda bem acima da meta de 2%.
● Ao mesmo tempo, o mercado de trabalho já mostra sinais de desaceleração. Em outubro, o número de demissões e rescisões nos EUA atingiu 1,854 milhão, o maior desde janeiro de 2023. Essa combinação de “queda no emprego + inflação persistente” colocou o Federal Reserve em um dilema entre “proteger o emprego” e “controlar a inflação”.
● O resultado da votação na última reunião de política monetária do Federal Reserve também reflete essa contradição interna. Dos 12 membros votantes, 9 apoiaram o corte de juros e 3 votaram contra, sendo a primeira vez desde setembro de 2019. Esse tipo de contradição “estagflacionária” testará os formuladores de políticas por um longo tempo. A postura de “esperar para ver” do Federal Reserve pode se tornar uma escolha comum entre os bancos centrais globais, e o atraso na resposta das políticas aumentará a volatilidade do mercado.
5. Disputa pela sucessão
Com o mandato de Powell terminando em maio de 2026, a disputa pela escolha do próximo presidente do Federal Reserve já começou silenciosamente.
Trump já reduziu a lista de candidatos a “três ou quatro pessoas”. Entre os muitos possíveis candidatos, alguns nomes-chave se destacam:
● Kevin Hassett, como diretor do Conselho Econômico Nacional, é o principal conselheiro econômico de Trump e apoia cortes de juros e política monetária expansionista.
● Kevin Warsh, ex-diretor do Federal Reserve, é considerado pela opinião pública como um “representante hawkish”, dando ênfase ao controle da inflação e à estabilidade financeira.
● Christopher Waller, atual diretor do Federal Reserve, tem uma postura política mais “pró-mercado”, sendo flexível entre aumento de juros e afrouxamento, e é visto como uma “opção intermediária”.
● Scott Besant, atual secretário do Tesouro, tem um estilo pró-mercado, defende taxas de juros flexíveis e coordenação fiscal, e já foi “escolhido a dedo” por Trump.
A seguir, uma comparação das posições políticas dos possíveis candidatos à presidência do Federal Reserve:
Independentemente de quem seja finalmente indicado, o novo presidente enfrentará o enorme desafio de encontrar um equilíbrio entre pressão política e julgamento profissional.
O índice S&P 500 subiu pelo quarto dia consecutivo e atingiu uma nova máxima histórica após a divulgação dos dados do PIB. Essa reação do mercado contradiz o paradoxo de Trump de que “boas notícias são más notícias”, sugerindo que o mercado está se autorregulando.
No início de dezembro, Trump afirmou que já havia reduzido a lista de candidatos à presidência do Federal Reserve para “três ou quatro pessoas” e espera tomar uma decisão em breve, anunciando-a “nas próximas semanas”. Kevin Hassett e Kevin Warsh são considerados os favoritos para o cargo, enquanto Christopher Waller também foi entrevistado por Trump e elogiado.


