Bitcoin cai para 98 mil, será que ainda dá para esperar alta até o final do ano?

O shutdown do governo dos EUA chegou oficialmente ao fim, mas o mercado de capitais não reagiu com uma recuperação.

Na quinta-feira, horário local, os três principais índices de ações dos EUA caíram em toda a linha, com o Nasdaq recuando mais de 2% e o S&P 500 fechando em queda de 1,3%; o ouro perdeu um suporte crucial;

O bitcoin sofreu ainda mais, atingindo uma mínima de 98.244 dólares no fechamento das bolsas americanas, o menor valor desde o início de maio, marcando a terceira vez neste mês que o bitcoin caiu abaixo do patamar de 100 mil dólares.

O sentimento do mercado caiu de níveis elevados e voltou para a faixa de “medo extremo”.

Esse tão aguardado “retorno do governo” não aliviou as pressões estruturais do mercado:

Contração de liquidez, vendas concentradas por holders de longo prazo, saídas contínuas de ETF e expectativas de corte de juros rapidamente esfriando.

Mercado americano se torna a principal força vendedora do bitcoin: queda abrupta do apetite ao risco + ressonância do aperto de liquidez

O bitcoin chegou a se recuperar para perto de 104 mil dólares durante o pregão asiático, mas enfraqueceu rapidamente ao entrar no horário de negociação dos EUA, sendo derrubado para abaixo de 100 mil dólares à tarde, atingindo uma mínima de 98.000 dólares.

Esse movimento foi altamente sincronizado com a queda das ações de tecnologia dos EUA:

• Grande queda do Nasdaq

• Ações relacionadas a cripto como Coinbase e Robinhood em baixa

• Ações de mineradoras lideraram as quedas, com Bitdeer despencando 19%, Bitfarms caindo 13% e várias mineradoras recuando mais de 10%

A razão fundamental é:
Expectativas de corte de juros esfriando rapidamente → ativos de risco sendo vendidos em massa.

Na semana passada, o mercado acreditava que a probabilidade de corte de juros em dezembro era de até 85%;
agora, o FedWatch mostra apenas 66,9%.
O “dinheiro barato” do futuro já não é mais certo, tornando difícil sustentar a avaliação do bitcoin.

Ao mesmo tempo, o Tesouro dos EUA também está drenando liquidez.

Durante o shutdown, o Tesouro Federal registrou um superávit de cerca de 19,8 bilhões de dólares; devido ao shutdown em larga escala, o superávit de outubro pode ser ainda maior. Isso significa que o governo reduziu temporariamente o “apoio” ao mercado.

O analista Mel Mattison descreveu a situação como:

“Este é o ambiente de liquidez fiscal mais seco em meses ou até anos.”

Com falta de recursos no Tesouro e esfriamento monetário, a pressão dupla fez com que o mercado americano se tornasse a principal força por trás do mergulho do bitcoin nesta rodada.

No entanto, Mattison também apontou que o aperto fiscal é apenas um fenômeno de curto prazo:

“Os portões fiscais estão prestes a se abrir novamente, o governo Trump terá que aumentar os estímulos antes das eleições de meio de mandato.”

Pressão de venda on-chain liberada de forma concentrada: LTH realizando lucros somado à venda de baleias, formando ressonância de queda

Esta queda do bitcoin abaixo de 100 mil dólares não foi causada pelo pânico dos investidores de varejo, mas sim por um ajuste estrutural típico de redução simultânea de posições por capitais de médio e longo prazo on-chain.

Dados da CryptoQuant mostram que, nos últimos 30 dias, holders de longo prazo (LTH) venderam um total de cerca de 815 mil BTC, o maior volume de vendas desde janeiro de 2024. Em 7 de novembro, houve uma venda de bitcoin on-chain de cerca de 3 bilhões de dólares em lucros, indicando que muitos holders de baixo custo decidiram realizar lucros nesse patamar. Pressões de venda de lucro em escala semelhante ocorreram durante os mercados de alta de 2020 e 2021, geralmente correspondendo a janelas de ajuste de fase.

Ao mesmo tempo, o comportamento das baleias aumentou significativamente, acelerando a pressão de queda.

Segundo rastreamento da Arkham:

• A baleia de BTC da primeira geração, Owen Gunden, vendeu cerca de 290 milhões de dólares em BTC em um único dia, ainda mantendo 250 milhões de dólares em ativos;

• Uma baleia da era Satoshi, com quase 15 anos de holding, liquidou cerca de 1,5 bilhão de dólares na semana passada;

• Em outubro, o grande endereço 195DJ também vendeu um total de 13.004 BTC, continuando a transferir tokens para exchanges.

Isso significa:
LTH realizando lucros + baleias movimentando tokens de forma concentrada → forte pressão de venda no curto prazo.

Saídas contínuas de fundos de ETF/ETP, mercado americano sob maior pressão

De acordo com relatório da CoinShares, produtos de investimento em ativos digitais globais registraram grandes saídas de capital pela segunda semana consecutiva, com um volume líquido de saída de 1,17 bilhão de dólares na semana passada. A maior parte do dinheiro saiu do mercado americano, totalizando 1,22 bilhão de dólares, enquanto o mercado europeu (Alemanha, Suíça) ainda registrou cerca de 90 milhões de dólares em entradas líquidas, mostrando uma clara divergência.

Nesta rodada de saídas, bitcoin e ethereum foram os “campos de batalha” principais:

• Produtos de bitcoin tiveram saída líquida de 932 milhões de dólares

• Produtos de ethereum tiveram saída líquida de 438 milhões de dólares

• No mesmo período, produtos short de bitcoin registraram entrada líquida de 11,8 milhões de dólares, o maior nível desde maio de 2025

Os ETFs em 2025 deram ao bitcoin uma forte força de alta, mas quando essa demanda de compra estagna e se transforma em saída, o preço naturalmente fica sob pressão.

Será que ainda pode atingir novas máximas este ano?

Atualmente, o bitcoin está abaixo da média móvel de 365 dias. A CryptoQuant considera esse patamar um suporte de tendência importante para este bull market: se voltar a ficar acima da média, o mercado pode se fortalecer novamente; se continuar sob pressão, pode ocorrer uma correção intermediária semelhante à de setembro de 2021.

O índice de medo e ganância caiu para 15 (medo extremo), muito semelhante às fases de “liquidação profunda no meio do bull market” anteriores.

Analisando sinais macroeconômicos, on-chain, de ETF e técnicos, a possibilidade de romper uma nova máxima de 126 mil dólares este ano diminuiu significativamente.

Até o final do ano, é mais provável que o bitcoin permaneça oscilando entre 95 mil e 110 mil dólares.

Para romper fortemente, três condições precisam ser atendidas:

1. Entradas líquidas contínuas em ETF

2. Implementação clara de estímulos fiscais nos EUA

3. Queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA e melhora da liquidez do dólar

Mas, pelo ritmo das políticas, é mais provável que esses três fatores ocorram no início de 2026, e não no final de 2025.

Perspectiva para 2026: liquidez e ciclo podem ressoar

Apesar da pressão de curto prazo, a tendência de médio e longo prazo do bitcoin permanece sólida.

2026 pode até se tornar o ano central deste ciclo.

① A liquidez macroeconômica pode finalmente mudar de direção
Com a desaceleração econômica e o enfraquecimento do emprego, a probabilidade de o Federal Reserve entrar em um ciclo real de cortes de juros entre 2026 e 2027 aumenta.

② A expansão institucional dos ETFs trará compras em escala ainda maior
Em 2025, os ETFs já comprovaram a força da demanda institucional.
Em um ciclo de cortes de juros, fundos de pensão, gestores globais e RIAs (“dinheiro de longo prazo”) entrarão profundamente via ETF, remodelando o sistema de avaliação.

③ 2026 será o “segundo ano após o halving”: a janela histórica mais forte
2013, 2017, 2021
Em todos os três ciclos, o “segundo ano após o halving” marcou novos topos de maior magnitude.

Com base nisso, nossa projeção para 2026 é:

• Meta básica: 160 mil – 240 mil dólares

• Cenário forte: 260 mil – 320 mil dólares

Esta queda parece mais uma liquidação profunda no meio do bull market do que uma reversão de tendência.
O que realmente determinará o próximo topo do bitcoin será a ressonância entre fatores macroeconômicos e fluxos institucionais em 2026.

Autor: Bootly