Desescalada Estratégica do Comércio em Andamento entre os EUA e a China

Uma virada estratégica está surgindo entre Washington e Pequim. Na véspera de uma cúpula entre Donald Trump e Xi Jinping, as duas potências anunciam um acordo preliminar para amenizar uma guerra comercial com repercussões globais. Esse sinal inesperado, porém calculado, de distensão ressoa até mesmo nos mercados financeiros e no ecossistema cripto, historicamente reativos às tensões geopolíticas. Em um contexto onde tarifas e restrições tecnológicas alimentavam a incerteza, essa abertura reacende a esperança de uma normalização sustentável do comércio sino-americano.

Rumo a uma Desescalada Comercial Estratégica Entre Washington e Pequim

Alguns dias antes de uma reunião bilateral chave entre Donald Trump e Xi Jinping, os Estados Unidos e a China anunciaram que chegaram a uma estrutura preliminar de acordo comercial, durante discussões realizadas à margem da cúpula da ASEAN em Kuala Lumpur.

Essa iniciativa visa interromper uma espiral de tensões que confrontou as duas maiores potências econômicas mundiais em várias frentes. “Os Estados Unidos e a China querem chegar a um acordo”, declarou Donald Trump, expressando sua disposição de receber Xi em Washington ou em Mar-a-Lago, sua residência na Flórida. Embora as autoridades chinesas ainda não tenham detalhado publicamente o conteúdo dessa estrutura, o tom adotado por ambas as partes mostra uma mudança diplomática significativa entre Washington e Pequim.

Essa disposição para aliviar as tensões ocorre em um contexto ainda marcado por fortes atritos. De fato, Pequim decidiu restringir ainda mais as exportações de terras raras, essenciais para as indústrias tecnológicas e de defesa dos EUA. Em retaliação, Trump havia ameaçado impor tarifas adicionais de 100% sobre as importações chinesas a partir de 1º de novembro.

Os contornos do acordo mencionado incluem:

• A remoção gradual das novas tarifas dos EUA, caso os termos do acordo sejam validados;

• Uma suspensão de um ano das restrições chinesas sobre terras raras como gesto de boa vontade;

• A confirmação de uma reunião oficial entre Trump e Xi na Coreia do Sul para finalizar o acordo, à margem da cúpula da APEC.

As autoridades de Washington veem nessa estrutura uma base séria para romper o impasse. No entanto, até o momento, nenhum documento oficial foi assinado, e ainda há alguma incerteza sobre a implementação concreta das medidas discutidas.

Scott Bessent Define o Tom, Criptos Reagem

É Scott Bessent, Secretário do Tesouro dos EUA, quem forneceu os comentários mais precisos sobre o progresso das negociações. Ele afirma: “Acredito que chegamos a uma estrutura muito substancial que evitará a imposição de tarifas de 100% e permitirá que discutamos muitas outras questões com a China”.

Ele acrescenta que a ameaça tarifária levantada por Trump lhe deu uma considerável vantagem nas negociações. A questão aqui não é apenas comercial. É a primeira vez em meses que um alto funcionário dos EUA fala de uma verdadeira estrutura de desescalada, fortalecendo a credibilidade de um acordo duradouro. O anúncio veio pouco antes da confirmação de uma reunião bilateral na cúpula da APEC, planejada para 31 de outubro, entre Trump e Xi.

Esses sinais imediatamente desencadearam uma reação medida, mas clara, do mercado cripto. Bitcoin subiu 1,8%, Ether 3,6% e Solana 3,7% nas horas seguintes à declaração de Bessent.

A sensibilidade das criptos às tensões geopolíticas foi mais uma vez confirmada. Por exemplo, o anúncio de Trump de tarifas de 100% em 11 de outubro causou uma queda acentuada em algumas altcoins, chegando a -99% em alguns ativos de capitalização média.

Por outro lado, a perspectiva de um acordo estabilizador e de uma política monetária acomodatícia nos Estados Unidos, com expectativa de corte de juros pelo Fed, alimenta expectativas de alta. “Os preços dos ativos vão enlouquecer esta semana se o acordo for assinado”, tuitou Anthony Pompliano, cofundador da Morgan Creek Digital.

No entanto, essa renovação do otimismo não deve ofuscar as incertezas persistentes. A estrutura mencionada ainda não foi formalizada pelas duas partes na forma de um acordo vinculativo. A China, cautelosa, permanece em silêncio sobre as concessões que pode estar disposta a fazer, especialmente no setor de tecnologia e direitos de propriedade intelectual. Se o ímpeto é real, sua consolidação dependerá da reunião Trump–Xi e da capacidade dos dois chefes de Estado de superar posturas políticas. Para o mercado cripto, frequentemente afetado por tensões comerciais, a aposta é grande: uma desescalada pode abrir caminho para o retorno da confiança geral, e, portanto, de fluxos de capital, enquanto um fracasso nas negociações reacenderia a incerteza.